quinta-feira, 6 de outubro de 2011

ELVAS



BREVE HISTÓRIA DE ELVAS

1) AS ORIGENS
Ergue-se a cidade de Elvas, uma das mais importantes de Portugal, a cerca de 70 Km. a Nordeste de Évora, 40 Km. a Leste de Estremoz, 9 Km. a Noroeste do Guadiana, e 12 Km. a Oeste de Badajoz.
Trata-se duma daquelas cidades cuja origem remota é bastante obscura. Isto, porque sendo abundantes os vestígios dae presença humana desde a Pré-História até à Época visigótica, os mesmos estão normalmente dispersos pela área do Concelho (antas ou dólmens, estátuas romanas de grande qualidade, e outros artefactos), não sendo possível saber se no local onde hoje se ergue a Urbe existiu ou não uma povoação antiga de razoáveis dimensões. Considerando o factor geográfico, é bem provável que sim. Contudo, as teorias, inúmeras, avançadas a esse respeito, nada produziram de realmente concreto... não passando mesmo algumas de invenções e piedosas fantasias.
Ao certo, sabemos que os Muçulmanos ali ergueram uma cidade, com uma fortaleza, a que chamaram Yalbas ou Yelch. Dependeu da Taifa de Batalyaws (Badajoz), independente durante algum tempo. Em 1166, D. Afonso Henriques conquistou-a, para logo ser perdida. E só no ano de 1226 os Cristãos se aproximaram de novo. Em 7 de Setembro de 1228, rendia-se a D. Sancho II. Logo Elvas (nome claramente derivado dos topónimos árabes) recebeu uma Carta de Foral (Maio de 1229). As muralhas foram em seguida e rapidamente reconstruídas, aproveitando a traça moura. É perfeitamente visível a herança arábica nas ruas mais antigas, e, na fortificação medieval, a mesma herança é por vezes impossível de separar da cristã.
2) INTEGRAÇÃO DEFINITIVA EM PORTUGAL E IDADE MÉDIA
Em 1228 ou 1230, Batalyaws (Badajoz) caía em posse do Reino de Leão. As duas cidades tomavam, quase ao mesmo tempo, o lugar por que mais ficaram conhecidas na História. Duas urbes fortificadas, vigiando-se e hostilizando-se, em tempo de guerra, e comerciando e fazendo o papel de porta de entrada de Portugal, de um lado, e de Leão, depois Castela, por fim Espanha, do outro, em tempo de paz.
A importância que Elvas teve desde o início está patente no facto de em 1262 nela se efectuar uma primeira Feira. D. Afonso III também beneficiou a cidade, em 1271, enquanto D. Dinis, em 1280, mandou fazer obras no seu Castelo.
Evidentemente, vários conflitos internos e algumas guerras com Castela se fizeram sentir ali.
Em 1383, era assinado em Elvas um Tratado pelo qual o rei D. Fernando casava a sua filha D. Beatriz com D. João de Castela. Como se sabe, tal casamento foi uma das causas da crise de 1383-1385. As cidades e vilas do Centro e Sul de Portugal, quase todas, e algumas do Norte, abraçaram a Revolução. Também o fez Elvas, vendo-se todavia rodeada, por algum tempo, por praças favoráveis a Beatriz e João de Castela (Campo Maior, Olivença, e Vila Viçosa), o que provocou muitos confrontos na Região. Gil Frenandes, ou Gil "Navalha", o alcaide, desembaraçou-se com habilidade e valentia, sendo por isso considerado um dos primeiros heróis de fama nacional dali oriundos. Abundam episódios sobre a sua vida, alguns dos quais seguramente míticos..
O Castelo tinha, ao tempo, 22 torres e 11 portas. Até pouco depois de 1390, portugueses e castelhanos defrontaram-se à sua beira e nos territórios próximos, fazendo incursões e destruindo com afã, dum e doutro lado, tudo o que podiam... provando, como se tal ainda fosse necessário, ser a guerra uma das actividades mais destrutivas, estéreis, e desumanas, já inventadas pelo Homem.
A Paz, definitiva, chegou em 1411, e, com ela, reatou-se um profícuo laço comercial entre Elvas e Badajoz.
3) ERA DOURADA
D. João II, que mandou proceder a obras nas praças fronteiriças, fez levantar no Castelo a Torre de Menagem, por volta de 1488, além de ordenar que se iniciasse a construção de uma barbacã, só terminada já no reinado de D. Manuel I. Aliás, o reinado de D. Manuel, e os seguintes, foram dos mais importantes para a História da Região. A Paz reinante ajudava a que se verificassem vários progressos, com poucos sobressaltos. Elvas e Olivença terão sido as povoações da Raia que mais beneficiaram com isso. Portugal, recorde-se estava no seu apogeu. Os Descobrimentos pareciam trazer riquezas sem fim. Em Elvas, foi construída a Igreja Matriz (Sé), alterada uns séculos depois, e foi remodelada a Igreja de São Domingos, que datava do Século XIV. Foi construída a Ponte da Ajuda entre Elvas e Olivença (talvez 1510-1520). E continuaram as obras do imponente Aqueduto da Amoreira, aliás já iniciadas no século XV, e que se prolongariam até ao Século XVII. No numeramento de 1527, Elvas surge como a quinta maior cidade portuguesa, atrás de Lisboa, Évora, Porto, e Santarém. Próximo, só Olivença, e, um pouco mais longe, Estremoz e Portalegre, podiam aspirar, remotamente, a com ela rivalizar. Olhando os números, sem dúvida que Elvas, com os seus cerca de 8 000 habitantes, se destacava no meio de Olivença ( 4 000 habitantes ), Estremoz ( 3 200 ), Vila Viçosa ( 3 000 ), Campo Maior ( 2 500 ), e Portalegre ( 6 000 ). A capital da província, Évora, andaria por volta dos 15 000 moradores.
Esta situação justifica o facto de pouco antes, em 21 de Abril de 1513, ter sido atribuída a Elvas a categoria de Cidade. E em 1570, surgiu nova promoção, ao ser transformada em sede de Bispado, com os territórios vizinhos do extinto Bispado de Ceuta ( Olivença, Campo Maior, Ouguela) e outros, retirados a Évora. Só em 1881 desapareceria esta dignidade, como se verá.
A época dos Descobrimentos viu inúmeros elvenses partirem para todos os cantos do mundo, tendo alguns ficado famosos. Entretanto, o Século XVI veria o País passar da prosperidade a uma crescente situação de crise.
4) CRISE E GUERRA
Em 1580, ao contrário do que sucedera em 1383, Elvas abriu as portas a Filipe II de Espanha, que nela ficou durante algum tempo antes de seguir para Lisboa. A propósito, assinale-se que, pela sua importância, a cidade foi recebendo visitas, algumas prolongadas, de vários soberanos, quase desde a sua integração em Portugal. Diga-se desde já que assim continuou a acontecer a partir de então.
A União das coroas de Portugal e Espanha num mesmo soberano beneficiou inicialmente Elvas, mas não tanto como se pensava ou desejava. E, à medida que os tempos corriam, surgiram situações de descontentamento, comuns a todo o País. Não foi por acaso que, em 1637, surgiu uma revolta de alguma importância. Curiosamente, durante essa revolta popular que passou à História com o nome de "Revolta do Manuelinho", pouca ou nenhuma agitação se viu em Elvas, o que parece ser estranho, dado que se produziram levantamentos em terras próximas (Olivença, Alandroal, Vila Viçosa, Borba, Cabeço de Vide, e outras). Parece que as classes dominantes em Elvas conseguiram prevenir problemas, e talvez os laços com Badajoz, de que a cidade muito dependia, o tenham evitado.
A verdade é que, no início de 1640, Elvas não parece ter reagido muito contra os impostos lançados por Olivares. Todavia, em Dezembro do mesmo ano, a notícia da separação de Portugal não provocou hostilidade, antes uma aceitação pacífica. E, logo no início de 1641 Elvas se armou com homens e material de guerra, e em 1642 iniciaram-se trabalhos acelerados de construção de uma nova cintura de fortificações, capaz de resistir à artilharia ( o chamado "estilo Vauban" ). Nasciam assim as modernas muralhas de Elvas, às quais mais tarde seriam acrescentados os fortes circundantes. Como a cidade dispunha já de uma poderosa muralha, em parte edificada nos tempos de D. Manuel I, foi possível, em alguns casos, uma reconversão. Todavia, a concepção era completamente nova, e muitas vezes os muros existentes serviram apenas de "pedreira" ao pé da porta para novas paredes. Também Estremoz e Olivença foram beneficiadas com muralhas semelhantes, bem como a mais pequena Juromenha. Campo Maior e Vila Viçosa efectuaram obras de vulto nos seus castelos medievais. Situações semelhantes ocorreram ao longo de toda a Raia, do Minho ao Algarve.
Em 1644, a Guerra chegou mesmo, sendo Elvas cercada inutilmente por algum tempo pelo exército espanhol. O quadro já descrito para 1383-1390 repetiu-se. Mais uma vez, exércitos dos dois lados em confronto se odiaram na fúria da Guerra, causando a morte e a destruição dos dois lados da fronteira. Eis o resultado e o triste preço a pagar pelas desastrosas políticas de governantes e classes dirigentes, ansiosos por aumentar os seus domínios e as suas riquezas sem olhar a meios, e esquecendo-se de procurar beneficiar as classes mais desfavorecidas. E, como em todas as guerras, era o povo simples, e quase sempre só ele, independentemente de raça ou língua, a pagar o preço das consequências desastrosas de tantas ambições e fracassos.
Graves confrontos, entretanto, se produziram em 1657. Olivença caíu, e muitos dos seus habitantes se refugiaram em Elvas, enquanto outros se distersavam por Juromenha, Alandroal, Vila Viçosa, e Estremoz. Elvas resistiu, mas ficou mais ameaçada no flanco sudeste.
5) O ANTIGO REGIME
O fim, todavia, estava próximo. A 14 de Janeiro de 1659 a batalha, dita "das Linhas de Elvas", destroçava uma poderosíssima invasão espanhola, e punha praticamente fim a qualquer esperança de Madrid de vir a conseguir recuperar Portugal. Ao lado das batalhas do Ameixial e de Montes Claros, este evento assinalou claramente o apogeu da guerra, mas também o seu final. É quase inútil dizer que correu sangue, muito sangue, naqueles campos de batalha. Não é sempre assim ? Por que será que não serve de lição ? A Paz de 1668 foi evidentemente bem vinda. As fronteiras na Península foram repostas como eram, regressando as populações aos seus lares, muitas vezes destroçados. Poder-se-ia agora voltar a comerciar e a contactar normalmente com o vizinho, procurando benefícios mútuos.
Infelizmente, o Alentejo e a Extremadura espanhola pouco tempo tiveram para sarar as suas feridas. Entre 1703 e 1713, a Guerra regressou. E Elvas, bem como Badajoz, foram de novo palco de confrontos. Em 1709, por exemplo, o exército espanhol do Marquês de Bay fazia ir pelos ares os arcos centrais da Ponte da Ajuda, talvez um pouco como vingança de em 1706 não ter conseguido entrar em Elvas.
Ficaram assim dificultadas as ligações entre as duas margens do Guadiana e entre as urbes irmãs até então. A paz veio, mas a reconstrução da Ponte foi sempre sendo adiada ao longo de todo o século XVIII.
Ninguém podia duvidar que Elvas era uma cidade militar. Por volta de 1750, quando surgiu nova ameaça de conflito, viviam nela 10 000 "civis" e 7 400 militares !
E, contudo, algo de negativo estava a surgir. Aparentemente, nada mudava, mas, na verdade, a importância relativa de Elvas no País ia decrescendo. Elvas crescia com o natural aumento demográfico geral, mas não mais do que isso. O litoral português começava a "adiantar-se em relação ao interior, ainda que isso na época passasse despercebido.Entretanto, Elvas era uma das capitais das cinco subdivisões administrativas maiores em que o Alentejo se subdividia desde o século XV. De Elvas dependiam os Concelhos de Ouguela, Campo Maior, Vila Boim, Barbacena, Vila Fernando, Juromenha, Olivença, Alandroal, Terena, Capelins, e Monsaraz. Quase toda a Raia, afinal. Note-se que este era um dos tipos de subdivisões existentes. Outras existiam, paralelas, com competências por vezes contraditórias, o que provocava muitas confusões. O Alandroal, por exemplo, "obedecia" a Elvas em determinados assuntos, mas dependia de Vila Viçosa para outros, e até de Avis para alguns outros.
6) A DIFÍCIL ENTRADA NO SÉCULO XIX
A Revolução Francesa ( 1789 ) teve reflexos mais ou menos profundos em Portugal e Espanha, principalmente pelo pavor que se apoderou das classes dirigentes e das Casas Reais. Para Portugal, a situação piorou principalmente quando a Espanha, esquecido pragmaticamente o pavor, entrou na órbita francesa (1795-1796). Em 1801, o exército espanhol sob o comando de Godoy, após a capitulação de Olivença, cerca Elvas. A cidade não se rendeu, mas Godoy arrancou junto às muralhas dois ramos de laranjas que enviou à Rainha de Espanha, gesto que deu o nome, irónico e jocoso, ao curto conflito: Guerra das Laranjas. Houve ainda tempo para, após duras lutas e uma resistência encarniçada, tomar Campo Maior.
A Paz, consagrada no Tratado de Badajoz, assinalou também, desde a sua assinatura, o surgimento de um litígio cuja resolução final ainda se aguarda, concretamente a questão da posse de Olivença. De qualquer forma, logo em 1807 recomeçava a Guerra. Invasores franceses, aliados aos espanhóis, ocuparam Portugal. Em Elvas estiveram até 1 de Outubro de 1808, seguindo para Lisboa para regressarem à Gália. A segunda invasão francesa em nada afectou Elvas, mas a terceira viu portugueses, ingleses, e espanhóis ( agora aliados ), lutarem, juntos para expulsar os invasores, nomeadamente nas regiões de Elvas e Badajoz, perseguindo-os até território francês (1813). Os acordos de Paris de 1814 e Viena de Àustria de 1815 pacificaram a Europa. Segundo Portugal, tais acordos implicariam a retrocessão de Olivença. Esta situação dúbia impediu, no mínimo, até aos nossos dias, que a velha Ponte da Ajuda fosse reconstruída, pois rodeiam-na delicadas questões diplomáticas. Apenas se conseguiu, depois de inúmeros contratempos, e só em 2000 (11 de Novembro) construir uma nova a cem metros das ruínas da antiga, o que significou o abrir de novos horizontes, mas não levou à resolução do litígio nascido na época napoleónica.
Em 1820, Portugal conheceu o primeiro esboço de Democracia. Mas, poucos anos decorridos, voltou a vigorar o tradicional regime absolutista. Foi necessária uma dolorosa guerra civil (1832-1834) para se entrar na modernidade. Como os últimos episódios dessa guerra decorreram no Alentejo, Elvas foi por isso algo afectada.
7) NOVOS TEMPOS
Muitas mudanças se produziram então. Eram novos tempos. Por exemplo, muitos edifícios religiosos, principalmente conventos, passaram para as mãos do Estado, que neles instalou serviços seus ( Câmara Municipal, Hospital, Tribunais, etc.). Por outro lado, Elvas viu o seu concelho ser engrandecido com a anexação de vários antigos concelhos vizinhos extintos: Vila Boim, Barbacene, Vila Fernando, e Terrugem. Ainda afectou Elvas a nova divisão administradtiva de 1835, que dividiu o Alentejo em três distritos. O mais setentrional abrangeu Elvas, mas a sua sede acabou por ser colocada em Portalegre, perdendo a primeira importância administrativa. Ainda hoje os elvenses tendem a afastar-se da área de influência de Portalegre, quase parecendo esquecer-se que dela dependem...
A Regeneração, em 1851, veio por fim a alguns conflitos que, por mais de uma vez, afectaram os primeiros tempos do Regime Liberal, e que tiveram algum eco, por vezes, em Elvas.
É na segunda metade do século XIX que se constrói a ponte luso-espanhola sobre o Caia. Mais tarde, surgiria o comboio,e a ligação a Badajoz. Todavia, em 1881, era extinto o Bispado, e Elvas passou a depender eclesiasticamente de Évora. Afinal, confirmava-se o que começara a ser vagamente perceptível no século XVIII: o peso relativo de Elvas ia diminuindo.
Claro que Elvas se viu afectada pelas convulsões da Primeira República (1910-1926), mas este regime, demasiado concentrado em Lisboa, não convidou a uma participação muito activa das povoações do Interior. Pior seria a Centralização do Regime que se seguiu (Ditadura e Salazarismo, ou Estado Novo), que só findaria com o regresso à Democracia em 25 de Abril de 1974.
Não se pode deixar de assinalar que a desigualdade da distribuição da riqueza e as injustiças sociais a ela associadas caracterizaram a sociedade elvense, bem como a alentejana em geral, nos séculos XIX e XX. Não que não existissem antes, claro, mas porque uma maior liberdade de expressão, uma crescente consciencialização de tal realidade, e as necessidades económicas, tornaram mais evidente esta situação. Tudo isto, associado a um relativamente fraco desenvolvimento das forças produtivas e a uma insuficiente inovação tecnológica, foi-se revelando prejudicial a um verdadeiro desenvolvimento, muito menos de forma harmoniosa para a sociedade em geral.
8) O SÉCULO XX
Claro que a cidade não ficou parada. Foi alastrando mesmo para fora das muralhas, e no século XX um plano de urbanização, concluído em 1986, procurou que tal ocorresse de forma ordenada.
A Guerra Civil de Espanha (1936-1939) deixou igualmente as suas marcas em Elvas, por vezes de uma forma, digamos, "personalizada". Parte das elites, apavorada com uma eventual ameaça comunista, pactuou, com o apoio do Governo Central, com as forças repressivas franquistas, ajudando a enviar refugiados para Badajoz, onde foram quase todos fusilados. Outros extractos da população, bem como parte das elites, procurou auxiliar e esconder muitos pacenses que procuravam salvar a vida saindo de Badajoz ou arredores e entrando em Portugal. Porque este tema é delicado, falta fazer a sua História.
As décadas de 1950 e 1960, apesar das barreiras alfandegárias e de dificuldades pontuais, viram intensificarem-se as relações entre Elvas e Badajoz. Inclusivamente com o recurso, também tradicional, ao contrabando. Inicialmente, era o lado português que dispunha de vantagens económicas e de maior poder de compra, mas a partir das décadas de 1970 e 1980 a situação foi-se invertendo.
Aliás, ao longo dos séculos XIX e XX (neste, principalmente), Badajoz, durante séculos comparável a Elvas, e pontualmente com menos população, cresceu de forma assinalável, sendo hoje quatro ou cinco vezes maior do que a sua vizinha, o que criou alguns complexos de inferioridade.
A população de Elvas também foi crescendo, mas lentamente, até à década de 1960, quando começou a verificar-se a situação inversa. Apesar da actividade comercial, muito ligada a Badajoz e à Espanha em geral, ocupar muita gente, revelou-se, na verdade, e continua a revelar-se, insuficiente para, por si só, contrariar essa tendência. No início do Segundo Milénio, o Concelho de Elvas tinha cerca de 23 800 habitantyes, cerca de 18 000 só na cidade.
Recorde-se aqui um episódio de valor simbólico: em 11 de Novembro de 2000, foi inaugurada uma nova ponte enttre Elvas e Olivença, o que, como já se disse, deverá ter aberto novos horizontes. Trata-se de procurar caminhos para o futuro, não abdicando de princípios.
9) REFLEXÕES FINAIS
Alguns dos problemas actuais de Elvas são os de Portugal no seu conjunto. O interior do País tende a desertificar-se, perdendo peso. Com isso, torna-se menos atractivo. Não há investimento produtivo porque, entre outras coisas, não há mercado consumidor. Não havendo produção, não há nada para consumir. É um ciclo fechado. Como se tal não bastasse, o Poder Central vai incentivando, ou nada faz para o evitar, o encerramento de serviços. Ainda recentemente circularam notícias nesse sentido ( Quartel, Maternidade ), o que acentua a idéia de declínio e aumente a sensação de inferioridade.
Os responsáveis elvenses, melhor ou pior, têm feito o possível e o impossível para sair deste círculo vicioso. Mas... muita coisa há que mudar em Portugal no seu todo para que se atenuem e combatam as muitas assimetrias que subsistem.
Apesar de tudo, dispõe-se de um bem precioso. A Paz. E Elvas sempre prosperou, às vezes nem tanto como seria desejável, num tal clima. Relacionando-se, por exemplo, amigavelmente com os seus vizinhos do Leste. Há que aproveitar projectos que, num clima de respeito mútuo e de igualdade, beneficiem todos os envolvidos.
Elvas herdou uma arquitectura invejável e quase única. As suas muralhas "estilo Vauban", intactas, fazem dela, e mesmo que fosse só por isso, um monumento sem par. São inúmeras as construções grandiosas, religiosas ou não, que por detrás delas se abrigam, algumas mesmo fora delas. As velhas ruas populares, com o seu traçado mourisco, constituem outro tesouro histórico.
Tudo isto, herança do passado, tem imenso valor no presente, e é um factor inigualável de valorização da cidade. Claro que o futuro passará por inúmeros factores, necessariamente inovadores, mas este dado adquirido, bem aproveitado, é desdfe já uma vantagem.
Este texto, porque limitado no espaço, não pormenorizou inúmeros outros aspectops importantes da História de Elvas. Claro que existem muitos mais monumentos do que os poucos referidos, e não se referiram inúmeras personalidades de relevo nascidas na cidade ao longo dos séculos. Pretendeu-se, apenas, dar uma idéia geral e breve da História do Burgo elvense, que desperte em quem o leia a curiosidade de saber mais e, claro, o desejo de o visitar.
Estremoz, 22 de Fevereiro de 2006
Carlos Eduardo da Cruz Luna

Sem comentários:

Enviar um comentário