O CANTE ALENTEJANO - Por HERNÂNI MATOS
Hernâni Matos O CANTE ALENTEJANO
Do BLOG DO TEMPO DA OUTRA SENHORA
A identidade cultural do povo alentejano tem a ver com o cante, que segundo a tese litúrgica do padre António Marvão teve origem em escolas de canto popular fundadas em Serpa, por monges paulistas do Convento da Serra d’Ossa, os quais tinham formação em canto polifónico.
Colocado no facebook em 02 de Março de 2011
Fomos espreitar o blog do Amigo Hernâni Matos e recolhemos mais um pouco sobre este tema e até lhe trouxemos o Grupo de Cantadores.
Grupo de Cantadores
(criação da barrista Ana Bossa - Estremoz)
A identidade cultural do povo alentejano tem a ver com o cante, que segundo a tese litúrgica do padre António Marvão teve origem em escolas de canto popular fundadas em Serpa, por monges paulistas do Convento da Serra d’Ossa, os quais tinham formação em canto polifónico.
No "Cancioneiro Alentejano" – recolha de Victor Santos, diz Fernando Lopes Graça:
“O alentejano canta com verdadeira paixão e todas as ocasiões lhe são boas para dar largas ao seu lirismo ingénito. Não há trabalho, folga, festa ou reunião de qualquer espécie, sem um rosário infindo de cantigas.”
Manuel Ribeiro na "Lembrança dos Cantadores da Aldeia Nova de São Bento, Mértola, Vidigueira e Vila Verde de Ficalho", diz-nos:
“Só no Alentejo há o culto popular do canto. Ali se criou o tipo original do “cantador”. Pelas esquinas, altas horas, embuçados nas fartas mantas, agrupam-se os homens: esmorece a conversa, faz-se silencio e de subito, expontâneamente, rompe um coral. É o diálogo em que eles melhor se entendem, é a conversa em que todos estão de acôrdo.
Quem não viu em Beja, em certas ruas lôbregas, em certos recantos que escondem ainda os antros esfumados das adegas pejadas de negras e ciclopicas talhas mouriscas, quem não viu duas bancadas que se defrontam e donde se eleva um canto entoado, solene e soturno, com o quer que seja da salmodia dum côro de monges?”
Embora possa cantar só, o alentejano canta sobretudo em coros e esse canto é sério, dolente, compenetrado e mesmo solene, porque o alentejano é lento, comedido e contemplativo, por força do Sol escaldante.
O coro une os alentejanos. Como diz Eduardo Teófilo em "Alentejo não tem sombra":
"Há, no entanto, a ligá-los a todos, algo de próprio, de indefinidamente próprio e que os torna reconhecíveis em qualquer lugar em que se encontrem.(...). Todos eles estão marcados a fogo, pelo fogo daquele Sol ardente que, mesmo quando mal brilha, entra nas almas e molda os caracteres, todos eles apresentam o seu rosto cortado por navalhadas de vida e tostados pelas ardências do Sol de Verão, como se vivessem todos, realmente, sem uma sombra a que se abrigar.”
Sobre o cante diz-nos ainda Antunes da Silva em "Terra do nosso pão":
“As cotovias cantam para o céu, tresnoitadas. Os Alentejanos cantam para os horizontes, sonhando. Dessas duas castas melodias nasce a força de um povo!”
Hernâni Matos
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Luis Milhano "No "Cancioneiro Alentejano" – recolha de Victor Santos, diz Fernando Lopes Graça:
“O alentejano canta com verdadeira paixão e todas as ocasiões lhe são boas para dar largas ao seu lirismo ingénito. Não há trabalho, folga, festa ou reunião de qualquer espécie, sem um rosário infindo de cantigas.”"
Amigo Hernâni, grato pela sua participação neste tema do Cante Alentejano. O seu excelente trabalho de pesquisa transmite-nos o desejo de conhecer mais elementos sobre o assunto.
Irei publicitar junto de outras Páginas do Alentejo os elementos que aqui forem deixados sobre este tema.
Abraço
Quarta-feira às 12:37
Hernâni Matos Obrigado, amigo.
Um grande abraço para si.
Quarta-feira às 12:39
Filomena Barata Obrigada Hernâni e Lúis.
Quarta-feira às 23:27
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