quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

CANTE ALENTEJANO - MANIFESTO



MANIFESTO

CANTE ALENTEJANO A PATRIMÓNIO

1 - O Cante Alentejano é uma forma de expressão vocal, secularmente arreigada na nossa memória colectiva e tradicionalmente interpretada pelos habitantes de uma grande parte do imenso Alentejo, cuja melodia, forma e regras têm vindo a ser cautelosamente respeitadas e transmitidas de geração em geração.

2 - Guarda-se , por isso, activa e incólume, essa forma de cantar que impregna, como sua parte integrante e indissociável ,o imaginário e o ser espiritual do povo alentejano.
Na sua terra ou desterrados algures no mundo, os alentejanos revêem-se sentimentalmente nas suas “modas” e por isso, as cantam com paixão, quer na envolvência descontraída de um convívio, quer no aprumo dos Grupos Corais, onde, desde há muito se organizam, para cultivarem esta essência da sua tradição.

3 – Por insistência da “MODA- Associação do Cante Alentejano”, a quase totalidade dos concelhos do Alentejo e mais alguns da área da Grande Lisboa, classificaram o Cante como seu património oral e iniciaram também acções de apoio ao seu ensino, junto das escolas do ensino básico, buscando-se futuro para esta nossa herança do passado.

4 – Apesar da continuada aculturação de que somos alvo e do sistemático aviltamento das nossas raízes que desde há décadas nos mina a identidade cultural, o Cante Alentejano tem resistido ao seu tendencial apagamento e continua, apesar das múltiplas dificuldades, a impor-se, determinando o continuado aparecimento de novos Grupos Corais, em particular os femininos, que em si mesmos constituem um inegável e determinante factor de coesão social e cultural para as gentes transtaganas.

5 – Neste contexto, porque o Cante Alentejano constitui uma preciosa expressão de sentimento, alma e vida do nosso povo, cuja perda seria irreparável para nós e empobrecedora para toda a humanidade, vimos saudar e manifestar o nosso apoio à Candidatura do Cante Alentejano como Património Imaterial da Humanidade, de cuja aprovação resultará um justo reconhecimento por parte da UNESCO da grande valia etno-musical da “moda”, um novo alento para os actuais e futuros interpretes, assim como a garantia da necessária salvaguarda deste património de valor inestimável.

José Francisco Colaço Guerreiro
Luís Milhano

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